dilluns, 12 de novembre del 2007

A carta





Recebo uma carta e abro nela uma extensão de luz comparável a um Sol espelhado num lago. Uma amiga convida-me a não desistir da palavra pronunciada, do sussurro temeroso que mora ferido no meu interior. Essas letras quase sonoras, a sua voz amiga a iluminar o lago, um convite para tocar a pele do amor atravessando outra voz, pálida e tímida como os meus olhos de Novembro, a voz que será para sempre a forma exacta de um poema a se esticar no tempo, a não deixar cair as minhas próprias palavras na escuridão. Recebo uma carta no instante em que Novembro acarinha os meus olhos.

Logo de ler a carta, preciso de ir de encontro às folhas de Outono, enquanto observo a forma simples em que as andorinhas vêm ter comigo: vêm de encontro aos meus olhos e vão-se embora para logo voltarem e logo também irem-se embora, e assim estabelecem comigo um diálogo quase amoroso. Também elas têm algo de idioma, algo de mulher morena, algo de flor que se ama.

Mais tarde, o dia aconchega-se no meu peito anunciando a queda nocturna das folhas. É Outono e eu seguro uma carta nas minhas mãos como um facho imortal. Chego a casa e pego num livro vermelho. “Se finalmente vou, levarei este livro.”-penso, enquanto preparo a ceia. Lembro as suas palavras. Ela escreveu: “Não tenho outra maneira de te localizar. Por isso te escrevo esta carta. Quero convocar-te para nos falares das andorinhas e das estrelas. Tenho saudades de ti. Vem. Combinamos à mesma hora e no mesmo lugar de sempre. Quem sabe que cousas maravilhosas e inesperadas podem ainda acontecer-te. Não faltes.”.


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