diumenge, 10 de desembre del 2006

Oda al tomate


''Oda al tomate'', poema de Pablo Neruda na voz de Jorge Drexler

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Oda al tomate

La calle
se llenó de tomates,
mediodía,
verano,
la luz
se parte
en dos
mitades
de tomate,
corre
por las calles
el jugo.
En diciembre
se desata
el tomate,
invade
las cocinas,
entra por los almuerzos,
se sienta
reposado
en los aparadores,
entre los vasos,
las mantequilleras,
los saleros azules.
Tiene
luz propia,
majestad benigna.
Debemos, por desgracia,
asesinarlo:
se hunde
el cuchillo
en su pulpa viviente,
es una roja
víscera,
un sol
fresco,
profundo,
inagotable,
llena las ensaladas
de Chile,
se casa alegremente
con la clara cebolla,
y para celebrarlo
se deja
caer
aceite,
hijo
esencial del olivo,
sobre sus hemisferios entreabiertos,
agrega
la pimienta
su fragancia,
la sal su magnetismo:
son las bodas
del día,
el perejil
levanta
banderines,
las papas
hierven vigorosamente,
el asado
golpea
con su aroma
en la puerta,
es hora!
vamos!
y sobre
la mesa, en la cintura
del verano,
el tomate,
astro de tierra,
estrella
repetida
y fecunda,
nos muestra
sus circunvoluciones,
sus canales,
la insigne plenitud
y la abundancia
sin hueso,
sin coraza,
sin escamas ni espinas,
nos entrega
el regalo
de su color fogoso
y la totalidad de su frescura.

PABLO NERUDA


Ode ao tomate

A rua
encheu-se de tomates,
meio-dia,
Verão,
a luz
parte-se
em duas
metades
de tomate,
corre
polas ruas
o suco.
Em Dezembro
desata-se
o tomate,
invade
as cozinhas,
entra nos almoços,
senta-se
repousado
nos aparadores,
entre os copos,
nas manteigueiras,
nos saleiros azuis.
Tem
luz própria,
majestade benigna.
Devemos, por desgraça,
assassiná-lo:
afunde-se
a faca
na sua polpa vivente,
é uma víscera
vermelha,
um Sol
fresco,
profundo,
inesgotável,
enche as saladas
do Chile,
casa-se alegremente
com a clara cebola,
e para o celebrar
deita-se-lhe
azeite,
filho
essencial da oliveira,
sobre os seus hemisférios entreabertos,
agrega
a pimenta
a sua fragrância,
o sal o seu magnetismo:
são os esponsais
do dia,
a salsa
embandeira-se,
as batatas
fervem vigorosamente,
o assado
bate à porta
com o seu aroma,
está na hora!
vamos!
e sobre
a mesa, na cintura
do Verão,
o tomate,
astro de terra,
estrela
repetida
e fecunda,
mostra-nos
as suas circunvoluções,
os seus canais,
a insigne plenitude
e a abundância
sem osso,
sem couraça,
sem escamas nem espinhos,
entrega-nos
o presente
da sua cor fogosa
e a totalidade da sua frescura.

PABLO NERUDA

(Traduzido para o Português por Xavier Vásquez Freire)

5 comentaris:

  1. Admiro com você a profunda beleza agochada no que está à nossa frente, aguardando que nos percatemos da sua chamada permanente, libertados no seu fluir magnético.

    Saúde nerudiana, meu.

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  2. Em cada cousa, em cada lugar, em cada momento, em cada ser existe essa beleza. Só é preciso abrirmos bem os olhos e sentirmos esse magnetismo imanente, primeiro, originário e novo, sempre inicial.

    É preciso não esgotarmos a capacidade própria para olharmos essa beleza que está em toda a parte à nossa volta, mesmo nas cousas mais tristes, mesmo nas mais alegres, mesmo nas mais prazenteiras.

    Só assim atingiremos essa liberdade espiral que levamos dentro, quer dizer, em toda a parte, que a todos os seres nos liga, à Vida, a nós mesmos.

    Saúde, pois, caro Ramiro, a que precisamos.

    E um amigável sorriso.

    ResponElimina
  3. Um comentário totalmente "a conto do quê"... Tomate no padrom europeu de Lisboa nom é também... um eufemismo por umha(s) parte(s) do corpo? :P

    Depois já é sabido como acabam estas cousas, "tomate" só fica para o eufemismo (de hoje) e a plantinha, adoita um nome novo estilo "estarluxe" ou "cedagos" (ou "Orlando")...

    Mas isto acontecerá no 2100 ou por ai... acho...

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  4. Caro anónimo:

    O poema "Oda al tomate" e o comentário do Ramiro e o meu falam da importância do quotidiano, da importância das cousas simples como a preparação do tomate para uma salada, por exemplo, entre outras cousas. O Ramiro e mais eu falámos da importância da Vida e do seu fluir magnético, da libertação que cada momento traz a respeito do passado psicológico, de uma liberdade espiral que está dentro e fora, ao compreendermos que dentro e fora são formas de uma mesma cousa.

    O poema "Oda al tomate" pode perceber-se de muitas maneiras, se quisermos. Eu percebo principalmente três: uma culinária ou gastronómica, uma segunda, política, e, uma terceira, amorosa. Eu fico com as três.

    Se quisermos interpretar o tomate neste poema como uma(s) parte(s) do corpo cada um é livre, mas acho que Pablo Neruda não se referia a uma(s) parte(s) do corpo no poema. Mas a interpretação de cada um é livre, como o fluir magnético da própria Vida. ;-)

    Sorrisos e obrigado pola tua visita.

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  5. Obrigados tod@s @s leitoras/es polo teu blogue, Xavier. É claro que a observaçom nom era impertinência, mas brincadeira. E é evidente que em espanhol a brincadeira é impossível.

    Ora, já que estamos a aprofundar nas cousas, e concordando com vós os dous na percepçom do mundo (o cosmos, a realidade, como se quiger dizer), para mim também há múltiplas leituras no poema, eu vejo a política num 80% e o resto num 20% (perdom, desta vez é, pola grossaria de quantificar o que nom é quantificável, mas é deformaçom pessoal), ainda mais, eu vejo um núcleo político vestido com outras roupas da realidade, ou seja, estou a dizer o mesmo que escreves por outras palavras (muito melhor escritas as tuas).

    Mas, também existe a leitura "parte do corpo", cujo peso na interpretaçom do leitor será, suponho, directamente proporcional à ignorância política (destes há muitos casos) e infantilismo artístico (destes há muitos mais) e nunca nula (residual, mas nom inexistente). E finalmente, também marca umha issologa (existe?, de lógos, claro), um leitor na órbita do espanhol sempre verá (e só) o solanum lycopersicum -pêssego de lobo, ou pêssego-lobo, como lycanthropus-...

    As palavras e mais eu... Um abraço.

    ResponElimina

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