¿Cuál es la lógica de que se abra para mí tu boca tan magnífica?
JORGE DREXLER, "Transoceánica"
O tempo. Atravessar o tempo a tocar-te a ti em cada segundo, quando cada segundo é um poro da tua pele. Aprendendo a respirar através dos teus beijos. Assim se sucedem os dias, tocando a forma da paciência, a forma do desespero e da alegria que se espalha. Assim se sucedem os dias, a reflectir sobre o conceito do amor ao longo da História. Poetas, filósofos, cientistas, homens sábios, homens humildes, profetas, personagens de ficção envolvidos no sentimento, o meu irmão e a sua namorada a falar-me desde uma tarde de Fevereiro, os poemas do André e L’amour fou, o Federico a criar abraços de luz no interior de uma nuvem. Por isso, por uma razão de amor, por uma razão de subsistência e de verdade sobre a minha própria vida, por essa preocupação activa por ti e pólo teu crescimento, andei a perguntar-me sobre o conceito do amor, sobre o seu sentido, sobre a sua natureza, e cheguei ao existencialismo para me aperceber de que tu existes como existe o amor e estas palavras, o idioma que amo, a luz com que me iluminas cada manhã e os teus abraços nocturnos, cálidos profundos carinhosos. Por isso, cheguei à conclusão “conhecida”, a que me faz permanecer na ignorância mais terrível e maravilhosa que me abre de maneira infinita ao instante que sempre nasce: o amor é louco por própria natureza. O amor ou é louco ou não é amor. A irracionalidade faz parte do amor como tu de mim próprio, como o silêncio ou o ritmo fazem parte da música.” “Como poderíamos racionalizar o amor, segmentá-lo, entendê-lo? E, talvez, que sentido faria tentar entendê-lo, compreender o incomensurável? Como poderíamos explicar o infinito, tentar explicá-lo apenas com palavras, com simples pensamentos? Talvez com teorias? O amor é louco, luminoso, exacto, concreto, precioso, preciso, claro, evidente, instantâneo: sempre começa, sempre onde te sinto, onde as palavras e os pensamentos se abrem para deixarem passo à vida. Amor é além da própria palavra, da própria poesia que amo, da estranha economia que ignoro e respeito, do espaço, do tempo, da forma dos dias, ou dos meus próprios dedos cansados e intactos, talvez transparentes, por acaso enamorados, como não, amantes. Por isso, amar, não se pensa, não se razoa, não se racionaliza. Existe essa liberdade, a liberdade, tão descomplexada, tão extensa e intensa, casual e causal, estranha como uma melancia na Bolsa de Nova Iorque, bonita como o beijo que sempre te quero dar.
Boa noite, Xavier. Vejo que o teu caminho prossegue por estes territórios libertado(re)s em que muit@s (re)conhecemos um fluir estranho e imensamente nosso a um tempo.
ResponEliminaSigo com prazer esta tua viagem polo mapa de dias.
Boa tarde, Ramiro, o prazer é meu. O prazer, o privilégio, é reencontrar-me contigo de novo neste mapa de dias onde és sempre muito bem-vindo, porque tu também fazes parte dele.
ResponEliminaObrigado mesmo polas palavras com que acompanhas os meus dias.
Um sorriso de Outono, alegre como um pardal.