Haverá tempo, lugares, dias de rio azul, a terra sem caminhos a morar nos meus olhos, esse meu olhar multiplicado. Haverá o calor do Verão no coração do Inverno, haverá esquecimento das marionetas tristes, haverá aquela gaivota que ninguém verá numa fotografia que eu nunca farei e que alguém perderá numa ponte esquecida de Valparaíso. Haverá essa mulher que sorri na fotografia que eu nunca farei, cavalos fugitivos, crianças a sonharem, dias, horas, poemas, minutos luminosos, palavras desconhecidas, o rumor de uma música que nunca ouvirás, imaginando-a sempre no meu cabelo. Haverá formigas, copos, metais, bytes ou kilobytes e essa música lilás a enfeitar os teus lábios perfeitos, um retrato do teu rosto, lâmpadas, lojas onde ninguém entrará, as mulheres do Povo Mapuche a falarem claro e alto, o teu sorriso perdido nalgum lugar da floresta, uma árvore a abraçar-me, o nosso amor a iluminar o silêncio, aberto como uma flor lilás no centro da vida.
Haverá os meus dias tímidos nalgum lugar dos teus lábios.
Xavier Vásquez Freire, Grande Poeta da pátria imensa que é a nossa Língua comum!
ResponEliminaParabéns por este poema cujo brilho parece capaz de iluminar a mais escura das noites de Inverno.
Xavier, é espectacular ver como cresces dentro do idioma. É muito especial o modo de sentires verdadeiro amor pela língua.
ResponEliminaOrgulho-me em conhecer-te, em sentir-te tão próximo a mim em tantas coisas: na escrita, na visão da vida, nas percepções comuns. Adoro ver como expandes a tua consciência, e adoro ver como ela se dilata como se fosse essa pátria sem caminhos da que te tenho ouvido falar.
És tão especial, tão lindo.
Beijinhos
Victor, Cátia:
ResponEliminaObrigado polas vossas palavras. Obrigado por estardes aí, acompanhando os meus dias desde a distância e, ao mesmo tempo, desde a proximidade, desde uma paixão comum pola Língua e pola Vida.
Vós é que sois uns queridos!
Abraços galego-portugueses e muita poesia!
P.S.: Cátia, o meu amor pola Língua é a forma de eu sonhar, de viver, de resgatar-me do fundo de um poço para voar ligado a mil pássaros, a mil estrelas. A Vida é esse permanente precipício de beleza, subir em espiral até ao fundo da Luz, para chegar ao Desconhecido, sem medo, sem refúgio, intensamente livre.
Haberá tempos nos que estarmos xuntos, se é que aínda non o estamos, haberá tempos nos que a túa ledicia ilumine a nosa felicidade, haberá tempos nos que nos xuntemos nun mar de lilas baixo un ceo amarelo. Xavier, haberá tempos...
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